terça-feira, 7 de setembro de 2010

JOSÉ SERRA E UMA AULA SOBRE O SISTEMA EDUCACIONAL DE SÃO PAULO...

Por Marcos A. de Souza
Que São Paulo é o estado mais rico da federação qualquer estudante da 5ª série sabe. O que nem todo mundo sabe é a qualidade e as condições em que se dá a educação no estado mais rico do país...
Aprovação compulsória, baixos salários aos professores, repressão violentas as greves da categoria, salas superlotadas e por aí vai a interminável lista de notas vermelhas para um governo que seguiu direitinho a cartilha da mediocridade e cabulou muitas aulas da disciplina de gestão  para uma escola pública de qualidade...
Não obstante a USP, referência no Ensino Superior brasileiro, caiu 69 posições no ranking mundial das universidades...


Depois desta magnífica aula de matemática. vejamos abaixo o currículo que o Dr. Serra prepara para a Educação Pública de Qualidade no Brasil... 

Os futuros professores da rede pública paulista em uma prova prática de Química: Quais são as substâncias químicas mais comuns que em contato com os olhos podem produzir cegueira temporária e causar irritação nos olhos? A resposta é: Brometo de Benzilo ou o gás CS (o-clorobenzilideno malononitrilo). 
No dicionário de Serra professor que reclama seus direitos  é sinônimo de bandido. Ah, e de acordo com o vernáculo serrista pode ser ainda energúmeno e agitador... Ao mestre com carinho...
No Atlas da gestão educacional serrista é dificil localizar a tal educação de qualidade que aparece na propaganda política. Ao invés das duas professoras prometidas na campanha, vemos neste Livro de Geografia produzido pela Secretaria de Educação de SP dois Paraguais...
Na matemática de Serra um vale coxinha multiplicado por três refeições diárias significa professor bem nutrido na sala de aula...
Problema extra: Haviam milhares de educadores armados com os melhores argumentos para uma educação de qualidade protestando pacificamente quando um  grande contingente policial armado de cacetetes, gás lacrimogênio e balas de borracha marchou sob os soldados da educação. Pergunta-se: Quantos professores continuaram na praça? Quantos foram feridos? 
Os professores da rede pública de São Paulo devem obrigatoriamente frequentar as aulas de Ed. Física em seus períodos vagos: É preciso estar em forma pra correr da polícia... Isso que é zelar pela forma física dos mestres... Abaixo a obesidade...
Obra de arte para ser analisada nas aulas de Ed. Artistica:"Trabalhadores da Educação". Ao fundo os prédios da AV. Paulista simbolizando a opção preferencial pelo capital financeiro contrastando com um plano frontal onde uma multidão de trabalhadores da educação clamam por seus direitos. Obra realista, é assinada por um conjunto de artistas pertencentes a Escola Tucana de Arte Neoliberal.
Os professores do estado de São Paulo já não leem livros empoeirados para ensinar História: Preparam suas aulas sentindo na pele os anos de chumbo da ditadura militar... É a versão pronta e acabada da Memória Viva... Com direito a chibatada, gás lacrimogênio e tudo. O governo de São Paulo não poupa esforços para uma educação de qualidade...
Aula de Biologia: Alguns dos professores da rede pública estadual paulista  sentem literalmente na pele  que abaixo da epiderme está a derme... Quero ver aluno não aprender diante deste realismo didático promovido pelo governo serrista.
Aula de Ciências: Quanto tempo uma pessoa pode ser submetida a tortura cruel e degradante por meio de esganadura sem perder a consciência? Este professor tem a resposta.
Aula de Física: Qual a velocidade média de um bala de borracha lançada por uma espingarda calibre 40 mm cujo alvo está a apenas 5 metros de distancia? Qual seria o potencial impacto no alvo, no caso o corpo de um ser humano desarmado, reclamando seus direitos ? É possivel estabelecer uma relação entre o impacto e a ação da força gravitacional sobre a dignidade destes professores? Seria este o postulado perfeito da 1ª Lei de Serra?

JOSÉ SERRA E FHC EM: A HERANÇA MALDITA

Por Marcos A. de Souza
O PSDB definitivamente se envergonha do seu passado... E tem muitos motivos para isto...
Enquanto Lula está onipresente na campanha de Dilma, seria natural que Serra trouxesse FHC para o embate político e ideológico que diferenciaria em tese as duas candidaturas. Mas não é isso o que se tem visto nesta campanha eleitoral. Afinal onde está FHC? Representaria ele um passado inconveniente para Serra ? 
Numa campanha política os partidos tem por obrigação esclarecer o eleitorado o que diferencia tucanos e petistas, liberais e comunistas e assim por diante.
Horário político de Serra: "Serra e Lula dois homens de história..." 
No entanto José Serra parece ter jogado uma pá de cal no passado neoliberal do tucanato  - ao menos na sua campanha -  que desgovernou o Brasil por longos oito anos, e inclusive tem se apresentado na campanha eleitoral como o mais preparado para ser o continuador do governo Lula.
"... Dois líderes experientes"...O tucano foge de FHC e pega carona na alta popularidade do Lula: A quem ele convence?
A eleição de Lula em 2002 marcou uma ruptura transcendental entre a experiência desastrosa do neoliberalismo e um programa de cunho mais progressista, que todavia ainda conserva alguns paradigmas neoliberais, sobretudo na macroeconomia.
Contudo a população tem motivos mais que suficientes para rechaçar o projeto Serra - se é que existe algum - porque até agora temos visto um "Serrinha Paz e Amor", que esconde do eleitorado seus vinculos ideológicos com FHC e suas reais intenções de retomada do neoliberalismo para liquidar o pouco que sobreviveu a gana privatista dos vende patriam brasilianus.
Lula e Dilma: Porque Serra não se beneficia de uma exposição pública com FHC?
Até porque o que Serra teria a mostrar para o eleitorado do legado de FHC que os convenceria a respaldar a volta do tucanato?
No fundo no fundo, as "conquistas" atribuídas ao capitólogo tiveram um custo social gigantesco, e elas foram pensadas não para atender o povo, mais sim os interesses das grandes corporações capitalistas e atrair o grande capital financeiro e especulativo. Isso quando os tucanos não se apropriaram de políticas idealizadas por outras pessoas, senão vejamos:
O PLANO REAL: Ao contrário do que muitos incautos pensam, o Plano Real não foi obra do governo FHC, mais foi engendrado no governo de Itamar Franco, que governou o Brasil de 1992 até 1994. E olha que FHC nem foi o Ministro da Fazenda durante toda a elaboração do Plano Real, conforme trataremos mais adiante...
Sobre o Plano Real, vejamos o que disse o próprio Itamar Franco, hoje aliado de Serra: “A todo instante assistimos na TV o PSDB comemorando os 15 anos do Plano Real. Oras, isso não nos magoa, mas é uma deturpação, uma negação da história.”
De acordo com o ex-presidente, que assinou e colocou em vigência o Plano Real  foi obra de um grande grupo de políticos e economistas, e não saiu da mente brilhante de FHC:
.“O grande ministro do Plano Real chama-se (Rubens) Ricupero e, em seguida, Ciro (Gomes). E depois houve Paulo Haddad, Eliseu Resende. O plano não é só de um ministro. E é preciso lembrar que o Plano Real foi assinado pelo presidente da República, não por uma ordem técnica. A parte política foi garantida pelo presidente da República”. 
Ora se o próprio presidente que assinou e colocou em vigência o Plano Real afirmou em entrevista que "o ministro Ricupero foi o sacerdote do Plano Real. Mais até do que o FHC" , entende-se o porque Serra evita associar a FHC a suposta paternidade do Plano Real. 
Estaria deturpando a história, e isso poderia inclusive fragilizar ainda mais a sua base aliada produzindo resultados catastróficos para a sua campanha já em estado terminal, já que Itamar Franco o apóia oficialmente.
Ainda tem mais sobre o Plano Real, apontado como a principal conquista idealizada por FHC. Pouquíssimos brasileiros tem idéia de que quando as primeira notas de Real foram impressas, FHC sequer era Ministro da Fazenda. Quando Fernando Henrique Cardoso se lançou candidato a presidente, o Plano Real estava incompleto e foi acabado por Rubens Ricupero, que nem assinou as cédulas postas em circulação como deveria ser.
Isso mesmo. FHC mesmo sem ser Ministro da Fazenda assinou as primeiras cédulas de Real para aparecer diante do eleitorado que a nova moeda fosse uma dádiva da sapiência de Fernando Henrique, senão vejamos o que diz Itamar Franco:
"Acabou-se cometendo até um desatino perante a Justiça Eleitoral pois mesmo depois de deixar o cargo de ministro da Fazenda, o Fernando Henrique era quem assinava as primeiras cédulas de Real. [...] Isso é grave porque só poderia ter assinado a cédula o ministro Ricúpero (Rubens Ricúpero, que substitui FH de março a setembro de 1994, durante a implementação do Plano Real). O ministro Ricúpero foi o sacerdote do Plano Real. Mais até do que o FHC".(clique aqui)
O próprio FHC considera Serra um dos maiores entusiastas das privatizações
AS PRIVATIZAÇÕES: Fernando Henrique Cardoso liquidou com mais de 70% do Patrimônio Nacional como parte das medidas para aderir ao receituário neoliberal do "estado mínimo", este mesmo modelo que levou a bancarrota inúmeros Estados Nacionais com a crise financeira de 2008.
FHC fora o grande continuador dos ajustes estruturais e do Programa Nacional de Desestatização  iniciado por Fernando Collor de Mello.
Grandes Companhias como a Vale do Rio Doce e a Embraer foram vendidas a preços inferiores ao seu valor de mercado. No caso da Vale do Rio Doce, uma das maiores mineradoras do mundo fora "vendida" pela pechincha de pouco mais de 3 bilhões de dólares, num contexto em que seu valor de mercado beirava os 100 bilhões.
Houve inclusive mobilização de milhões de pessoas em todo o país, quando partidos, ONGs e membros da sociedade civil organizaram um dos maiores plebiscitos de iniciativa popular de todos os tempos para impedir a doação.
Doação porque nem os 3 bilhões foram pagos de fato. O BNDES, um banco estatal brasileiro, financiou a compra da Vale com dinheiro público.
Ora, ao invés de entrar, mesmo a mixaria pela qual a Vale fora vendida, o Estado brasileiro emprestou esse valor aos compradores de uma das maiores mineradoras do planeta. Esta é a matemática da eficiência da gestão do tucanato, da qual Serra é um do ideólogos mais ferrenhos...Assim, até eu e você compraríamos a Vale, que tem um faturamento que ultrapassa os 100 bilhões de reais...
Para os defensores da privataria, para aqueles incautos que justificam as melhorias obtidas nas prestações de serviços após a privatização, há que ressaltar que não é porque uma empresa é estatal que ela não é funcional. Basta atentar para o exemplo da Petrobrás, uma empresa estatal que se destaca a nível mundial pela excelência na prospecção de petróleo, dominado tecnologias exclusivas neste setor.
A questão é não tratar os cargos de gestão destas empresas como cabide de emprego para os aliados políticos. Piorar os serviços prestados pelas estatais ou fazer vista grossa para os erros de gestão e a corrupção latente são os primeiros passos para justificar uma privatização.
Será que Serra é um feroz defensor da privatização da Petrobrás, da Petro-Sal, do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal? 
Porque de acordo com o próprio FHC, Serra foi o maior entusiasta da privatização da Vale.

BOLSA FAMÍLIA: O programa não foi inventado por FHC como quer fazer a propaganda do PSDB. Pelo contrário, o "Bolsa Escola" é uma invenção genuinamente petista criada por Cristovam Buarque quando este ainda era filiado ao PT e governador do Distrito Federal em 1995.
O Bolsa Escola possuía ainda um valor infinitamente menor que o atual Bolsa Família, além de beneficiar um número menor de famílias. Tanto assim que em oito anos de governo FHC as desigualdades sociais não diminuíram no mesmo ritmo que ao longo do governo Lula.
Dados do  IPEA e da FGV revelam que a pobreza extrema caiu cerca de 24%, enquanto que 25 milhões saíram desta condição, sendo que os principais responsáveis podem ser elencados como sendo os programas sociais de transferência de renda e o aumento real do salário mínimo no governo Lula. 
Se nos anos áureos do Plano Real o salário mínimo eram míseros US$ 70, no governo Lula já chegam a US$ 290. Este crescimento real na renda dos trabalhadores, somado a oferta recorde  de crédito, criou um poderoso mercado interno que possibilitou ao Brasil ser um dos países menos afetados pela crise financeira de 2008.
Se o Brasil adotasse o mesmo modelo implantado por FHC, estaríamos entregues a mesma sorte da Grécia e do México, golpeados pela crise e que recorreram ao FMI para não irem a bancarrota.
Quanto aos genéricos e o programa anti-Aids que vinha sendo propagandeados como obra e dádiva de Serra, o outora "melhor ministro da saúde do mundo" foram desmentidos pelo próprio em recente entrevista à Folha de São Paulo. (clique aqui)
É... Definitivamente Serra não tem muito o que mostrar do suposto legado positivo deixado por FHC.
E olha que nem falamos do servilismo de FHC a Washingtton, da abertura do país ao capital especulativo, do aumento da dívida externa, do apagão de 2001 que obrigou o racionamento de energia e a mendicância do Brasil junto ao FMI...
Eram os tempos em que um espirro em Taiwan ou no México faziam a economia brasileira padecer de pneumonia. E o remédio era amargo: doses de mais privatizações, ajustes estruturais e redução do Estado, conforme prognosticava o dr. FMI.
De fato, Serra se encontra num labirinto e está cada vez mais próximo de ser derrotado pelo Minotauro da Derrota.
Ao invés de discutir projetos, perdeu a identidade, esconde o passado tenebroso dos eleitores e tenta aparentar ser um lobo em pele de cordeiro, associando a sua imagem a do presidente Lula.
E como não bastasse, tem nos escandalos  supostamente protagonizados pelos seus adversários políticos sua arma mais promissora para arrebatar alguns votos do eleitorado mais suscetível a acreditar nos meios de comunicação de massas...
A propósito do último, em que a credibilidade da Receita Federal é colocada em xeque algumas perguntas se tornam pertinentes:
1 - Quem mais está se beneficiando da dúvida gerada na cabeça do eleitorado, Serra ou Dilma?
2 - Se realmente foi o governo quem ordenou a quebra do sigilo, porque deveria existir um requerimento, ainda por cima falsificado?
3 - Porque a mídia não trata com a mesma pompa e alardeio o caso da quebra do sigilo fiscal no Rio Grande do Sul, onde é o PSDB que é o acusado de obter dados ilegalmente de políticos ligados ao PT, como Tarso Genro e Paulo Paim? (clique aqui) E olhe que lá no RS a justiça tem provas da quebra do sigilo de políticos ligados ao PT pelos simpatizantes dos tucanos. Dois pesos e duas medidas?
É uma pena que o Brasil possua uma massa gigantesca de analfabetos políticos, muitos dos quais tem nos media mass mais comprometidos com a candidatura Serra sua única forma de receber informações, ainda que manipuladas, da realidade nacional...

RODA VIVA RODA MORTA: COMO O PSDB LIQUIDOU COM A TV CULTURA...

Por Marcos A. de Souza
Dá pena de ver que a mesma emissora em que Vladimir Herzog foi diretor de jornalismo ter se convertido em uma verdadeira TV estatal do governo paulista.
Que o diga Heródoto Barbeiro, jornalista que perdeu o posto de ancora do "Roda Viva" por ter questionado José Serra sobre os altos valores do pedágio cobrado nas rodovias paulistas.... Que barbeiragem hein Heródoto... Era pra ter elogiado a péssima qualidade do ensino e a  aprovação automatica, a repressão a greve dos professores e dos policiais...
Além de ser tratado com grosseria frente as cameras pelo "patrão", foi destituído por não ter feito uma ode a Serra durante a entrevista.
Foi substituído por nada menos que Marília Gabriela... É que a Regina Duarte tem contrato de exclusividade com a TV Globo, senão...
De TV Cultura só sobrou o nome... Isto se este não for privatizado, terceirizado, enxugado, ajustado a uma nova proposta... 
Sob a batuta dos neoliberais a outrora TV pública  que conservava resquícios de qualidade despediu centenas de trabalhadores, extinguiu a produção de telejornais diários, e se converterá em uma repetidora de enlatados que discorrem sobre a vida marinha do Mar Morto ...
Esse é só mais um exemplo de como os demotucanos são a favor do monopólio da informação e do controle institucional de uma TV que serviria para contrabalançar os media mass que manipulam e comercializam a informação segundo os interesses dos grupos familiares que os controlam e dos grupos políticos e econômicos que as financiam...