quinta-feira, 25 de março de 2010

TERREMOTO MORAL NO HAITI: O NOJO DE BUSH AOS HAITIANOS


Como se não bastasse o poderoso sismo geológico que dizimou a vida de mais de duzentos mil haitianos no começo deste ano, parece que dezenas de réplicas deste avassalador terremoto voltaram a sacudir o "inferno deste mundo", multiplicando o sofrimento e agonia de um povo que por séculos se viu amaldiçoado pelos demônios da dominação e da exploração estrangeira.
A última destas réplicas, registrada pelas camêras nesta segunda-feira não ocorreu devido as movimentações de placas tectônicas na América Central, mas por algo com um poder de destruição similar, que em menos de uma década dizimou centenas de milhares de vidas humanas por todo mundo em nome da democracia e dos direitos humanos. 
Como se fosse pouco os milhares de mortos pela espada justiceira do Príncipe Augusto da Paz e Paladino da democracia e dos direitos humanos em suas campanhas imperialistas, o Sr. Bush protagonizou uma das mais horrendas cenas de racismo e xenofobia já registradas por uma camêra de televisão.
Após Bush  apertar a mão de um haitiano, numa cena que deveria servir para limpar seu passado encharcado do sangue derramado nas guerras imperialistas estadunidenses, eis que sua mentalidade fascista, quase que num gesto instintivo , o induz a limpar suas mãos na camisa de Bill Clinton, outro com um passado não muito nobre.
Seria para limpar a "sujeira" impregnada na pele do haitiano que o tocou? 
Ora, se uma imagem vale por mil palavras, não há mais o que discutir... 
Bush carrega nas suas veias o "sangue nobre" da elite branca colonialista e escravista, e ao que parece, sua consciência permanece a mesma dos seus antepassados compatriotas, que do alto de sua cristandade consideravam o negro africano e seus descendentes, seres humanos de segunda categoria, quando não animais, cujo destino era a eterna condenação aos trabalhos forçados.
Era a maldição da cor, que institucionalmente vigorou, no país paladino da democracia e dos direitos humanos  até a década de 1960,  sob a forma da segregação racial que dividia a sociedade estadunidense em puros e impuros, limpos e sujos, salvos e condenados ao inferno da discriminação.
O gesto de Bush expressa o quão arraigado ainda está o pensamento racista da elite branca estadunidense, e ao mesmo tempo serve como uma didática lição para qualquer pessoa compreender a maldição que se abateu sobre o Haiti,  a primeira República das Américas, forjada por ex-escravos da civilizada Europa.
As potências que sorveram até a última gota de sangue saudável dos haitianos ( literalmente!) veem o Haiti como a escória, como a senzala deste mundo, como uma jaula onde se definham famintos animais que passaram da hora de serem extintos...
E parece que muitas décadas depois da libertação dos seus escravos o país fora  amarrado perpetuamente no tronco da miséria, açoitado de forma impiedosa pelas senhoriais potencias imperialistas e neocolonialistas que  ainda veem o Haiti como os senhores viam seus escravos no período colonial...
Neste caso o simples toque entre seres superiores e seres inferiores seria necessário para fazer tremer os mais elementares princípios da dignidade da raça humana num terremoto tão avassalador como aquele que ceifou milhares de vida... Como se um fato não estivesse ligado ao outro!
E a única escala capaz de medir a intensidade deste sismo é o sofrimento dos haitianos que já nasceram amaldiçoados pelos demônios que assombram o Terceiro Mundo desde que por aqui chegou a missão civilizatória européia.
E finalmente nos cabe perguntar se Bush estava mesmo com medo dos resfriados ou de se "sujar" com a cor de Obama, quando o texano borrifou um spray desinfetante nas mãos após cumprimentar o então senador por Illinois  a alguns anos atrás, como está documentado na página 57 do livro "The Audacity of Hope"  do próprio Obama:
“Obama!", o presidente (Bush) disse, apertando a minha mão. “Venha aqui conhecer a Laura”.... O Presidente se virou para um auxiliar próximo, que borrifou um monte de desinfetante para mãos nas mãos do Presidente. “Quer um pouco?”, o Presidente perguntou. “Coisa boa. Evita resfriados.Não querendo parecer anti-higiênico, eu borrifei um pouco nas minhas mãos. Depois Bush diz “Espero que você não se aborreça se eu lhe der um conselho... Todo o mundo vai ficar esperando que você escorregue, entende o que digo? Então, tome cuidado!

As luvas são para Bush se proteger do frio ou para não se "sujar" com a pele de Obama?

Nenhum comentário:

Postar um comentário