domingo, 16 de maio de 2010

ASSIM NÃO SENHORES IMPERIALISTAS...

Por Marcos A. de Souza
A politica exterior brasileira definitivamente não é mais a mesma. Desde que assumiu, o presidente Lula tem realizado uma das gestões mais eficientes no que diz respeito a condução da nossa política exterior, buscando trilhar um caminho sem os tradicionais ditames oriundos da Casabranca... 
Pelo menos não ficando numa humilhante posição de "cachorrinho de Washington"...
Isto ficou bastante evidente em várias ocasiões de grande repercussão internacional, como a Guerra do Iraque, o golpe de Estado em Honduras, no caso da morte de Orlando Zapata Tamayo em Cuba, nas questões envolvendo as mudanças climáticas ou o protecionismo nas relações comerciais internacionais  e mais recentemente, na intermediação da questão nuclear no Irã de Ahmadinejad.
E falando na questão nuclear iraniana, em poucos entraves internacionais ficou tão evidente a dupla moral das potências imperialistas, que querem assegurar a exclusividade da posse de armas de destruição em massa...
Até porque se   mais países alcançarem as condições científicas, técnicas e operacionais para a sua produção, a hegemonia baseada na intimidação pela força caíria por terra.
Nos últimos anos, Washington satanizou os dois principais impulsionadores de programas nucleares, a Coréia do Norte e o Irã, caracterizando-os como o "Eixo do Mal".
Mais analisando de uma forma mais racional e livre dos embróglios ideológicos ditados pelas superpotencias nucleares e disseminados pelos media mass, qual o real perigo do Irã e da Coréia do Norte se estes de fato desenvolvessem armas nucleares, num contexto em que declaradamente o Paladino da Paz, da democracia e dos direitos humanos - os EUA - possui cerca de dez mil armas nucleares?
Soma-se a estes arsenais aos do seleto "clube nuclear", países os quais a AIEA, e muito menos os EUA, a Inglaterrra ou a Rússia resolveram se autoclassificarem como um grave perigo para a humanidade.
Partindo-se da premissa de que se um país possui o direito de produzir armas nucleares, é natural que todos os demais, independente do modelo político e social que adota, deve possuir o mesmo direito, o Irã e a Coréia do Norte estariam agindo segundo o direito da reciprocidade diplomática.
Voltando a questão diplomática mediada pelo Brasil, apesar de o país estar na contracorrente do que faria se estivesse governado pelas elites mais submissas que o atual grupo que se encontra no poder, não se pode dizer que a proposta levada pelo presidente Lula seja exatamente aquela que os iranianos gostariam de receber... Muito menos pode ser considerada a mais justa do ponto de vista do direito da reciprocidade...
Ninguém propôs aos EUA o enriquecimento de urânio em outro território, sob a supervisão de ninguém... Muito menos esta condição foi imposta a Rússia, a Inglaterra, a China, a França, ao Paquistão, a Israel ou a Índia ...
Nesse contexto, com que direito e com que moral os detentores  de algumas milhares de ogivas condenam aqueles que decidem desenvolver um programa nuclear?
 Porque até onde eu saiba, o único país que utilizou estes arsenais contra seres humanos não foram os fundamentalistas islâmicos ou os comunistas norte coreanos, membros de uma lista do "Eixo do Mal" ...
Pelo contrário, foram os paladinos da democracia, dos direitos humanos e da paz mundial, que munidos do seu "Destino Manifesto" assassinaram centenas de milhares de pessoas em Hiroshima e Nagasaki, inaugurando esta corrida pelas armas nucleares...
E falando em democracia, não seria democrático tratar os países em condições de igualdade? Se nenhum país do mundo possuísse armas nucleares, todos os demais deveriam construir mecanismos que objetivassem impedir que esse tipo de armamento fosse produzido. Aí sim faria sentido o Tratado de não Proliferação de Armas Nucleares...
Mais se apenas um, ou um seleto grupo como é o caso atual auto outorga o direito de possui-las, automaticamente abre o precedente para que os demais países possuam... Até por uma questão de defesa da soberania.
E neste caso é importante inclusive que o Brasil comece a pensar seriamente na possibilidade de desenvolver um programa nuclear com vistas a produção de um arsenal defensivo, que vá muito além  dos submarinos nucleares. 
Poderia inclusive, por uma questão geopolítica, aproveitar a criação do Conselho de Defesa da UNASUL e lançar um programa nuclear em conjunto com os países da América do Sul, o que fortaleceria a integração sul-americana em todos os sentidos...
Por outro lado, o Brasil é o único país emergente dos BRICs que não possui armas nucleares. E a história é pródiga em dar exemplos de surpresas desagradáveis quando potencias emergentes, sem uma capacidade defensiva a altura das potencias dominantes, não conseguem defender o seu território...
Se como apontou o geógrafo francês Claude Rafesttin, o território é produto de relações de poder, não é possível exercer a soberania de forma plena sob o território se o Estado não estiver preparado preparado para as disputas e os conflitos de interesse no ambito das relações de poder global...
Em outras palavras, sem uma capacidade defensiva  capaz de dissuadir possíveis agressões, não se é possível consolidar-se no cenário internacional como uma potência que exerça sua soberania de forma plena.
Tenha certeza que se os EUA de fato soubessem que os iraquianos tivessem  armas de destruição em massa, diga-se arsenais nucleares, eles jamais teriam invadido o país árabe. Como de fato, durante a Guerra Fria, a maior segurança para a URSS foram seus arsenais nucleares.
Eram os tempos da "Paz Armada"... Indesejável, porém necessária.
Por outro lado, a existência do Tratado de não Proliferação de Armas Nucleares, auspiciado pela ONU só demonstra o estratagema adotado pelas potências nucleares que buscam a exclusividade para perpetuar a atual estrutura de dominação geopolítica e geoeconômica...
Nesse contexto, munidos com milhares de ogivas capazes de destruir o planeta Terra algumas dezenas de vezes, buscam  condenar e impor sanções aqueles que desafiam esta injusta ordem Mundial...
Assim não senhores imperialistas...


Nenhum comentário:

Postar um comentário