segunda-feira, 4 de outubro de 2010

COMO MARINA "PERDE GANHANDO"...


Por Marcos A. de Souza.
Marina Silva foi o maior aliado de Serra nesta campanha presidencial. Muito mais que seus próprios correligionários, a camaleonica e ecocapitalista Marina que se camuflou de verde como parte de uma estratégia da direita brasileira  para recuperar o poder, foi o elemento decisivo para levar esta eleição para o segundo turno.
E isso não são palavras de alguém descontente, raivoso ou amargurado com os resultados das eleições de tres de outubro...
Em uma postagem de 5 de janeiro deste ano, intitulada "Vale tudo na Cruzada política para recuperar o sagrado Planalto das mãos dos hereges" (clique aqui para ler de novo)este blogueiro já apontava que Marina Silva era parte do plano orquestrado pelos demo-tucanos para retornar ao Planalto.
Naquela ocasião, em que a composição da chapa de José Serra ainda era uma incógnita, cogitei apontar o nome de Marina como uma possibilidade de ocupar a posição de vice do tucano, porque já tinha clareza o suficiente de que Marina iria jogar a favor de Serra.
Não estou dizendo que Marina entrou no jogo sujo da mídia e dos demo-tucanos: foi utilizada como a  "terceira via", necessária para levar a eleição para o segundo turno... Porque sem Marina, Dilma estaria eleita em primeiro turno com larga vantagem.
A imprensa reforçava minhas suspeitas. Muitos elogios vindo dos media mass mais comprometidos com a candidatura serrista me cheiravam uma estratégia muito bem planejada. Naquela ocasião escrevi:"Até ontem mesmo, Marina Silva fazia parte do PT. Pelo raciocínio  do paladino da arrogancia Reinaldo de Azevedo e sua camarilha, ela não passava - assim como todos os petistas - de uma petralha, uma mistura de petista  com "irmãos metralha". Bastou que Marina, num desses providenciais arrependimentos, antecedidos de uma visão reveladora muito comuns nas vésperas eleitorais,  renunciasse a sua antiga "vida de pecado" (como petralha que era)  para ganhar a remissão dos todo-poderosos media mass, até mesmo dos mais reacionários, que inclusive passaram a cogitar a beatificação da senadora".
Ainda não estava claro o papel que a ecocapitalista iria exercer em favor da candidatura Serra. Mais adiante sentenciei:"Como uma espécie de santa protetora das florestas nessa era apocaliptica de aquecimento global , a Imaculada Marina poderia já na sua assunção ter despencado do altar, caso a  Legislação Eleitoral fosse colocada em prática. De acordo com esse código canônico que deveria reger as regras da política brasileira, o simples fato de Marina Silva ter trocado o PT pelo PV já seria motivo suficiente para ela perder o seu mandato por infidelidade partidária.Não obstante, os promotores midiáticos do processo de beatificação - leia-se a revista Veja, O Globo, e os demais media mass -, sempre com suas penas afiadas e suas sentenças inquisitórias, condenando os hereges à fogueira da execração pública, silenciaram-se sobre esse pecado mortal da nossa "Santa Amazonica".
Como a imprensa podia se calar diante de um pecado tão mortal para qualquer petista arrependido? Somente se a petista em questão fosse consciente ou inconscientemente a carta na manga dos demo-tucanos, que “[...] embaralharia a campanha de 2010, pegando o PT no contrapé e enterrando de vez a desastrada candidatura de Dilma Rousseff”, como disse ipsis litteris o ex - porta-voz  das elites, Diogo Mainardi.


Nesse contexto não havia mais segredos: Marina exerceria um papel de alternativa, a "terceira via", capaz de atuar em favor da candidatura Serra que começava a despencar na mesma proporção que Dilma Roussef crescia vertiginosamente.
Num trecho desta antiga postagem fui mais adiante, relacionando a ex-ministra de Lula a estratégia demo-tucana de "dividir para vencer": Vê-se que a petralha de ontem, agora beatificada, emerge como uma santa milagreira capaz de ajudar a vencer a épica batalha, naquilo em que sua concepção elitista e até neofascista, qualifica como do bem (PSDB, DEM) contra o mal (PT, PCB, PC do B...) [...]  e a consciencia política dos eleitores é facilmente manipulada pelo charlatanismo do poder emburrecedor da mídia, parece valer de tudo - ao menos na cabeça da direita elitista -  nessa cruzada eleitoral para recuperar o sagrado Planalto dos hereges "petralhas".
E justamente foi isso que aconteceu. Marina fez uma campanha confusa, misturando no mesmo embornal antíteses como se fossem sinônimos: Ora elogiava FHC, ora tecia elogios ao governo Lula... Tudo isso regado a doses cavalares de ecocapitalismo selvagem, que deixaria Chico Mendes revoltado caso estivesse vivo.
E antes que meu email se entupa de reservas de consulta, este humilde blogueiro adverte que não tem vocação para cartomante... Só é um observador atento destas artimanhas que podem passar desapercebidas pelos inocentes olhares dos mais incautos.
Agora resta uma incógnita: A quem Marina irá apoiar, Serra ou Dilma? 
Isso não faz muita diferença, uma vez que Marina Silva não é uma liderança com a capacidade de se fazer ouvir pelos seus eleitores, que viram nela mais uma válvula de escape do que uma opção real de voto.
Mas de qualquer modo, de acordo com os astros que acabei de consultar Marina não apoiará formalmente Serra. Se caso não apoiar Dilma no segundo turno irá semear a neutralidade, o que já é um apoio ao tucano.
Uma coisa fica claro: Marina nunca joga para perder: Como ela mesmo disse em um recente debate: "Perde ganhando"... Veremos como será isso.

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