sábado, 31 de julho de 2010

O DESVIO PADRÃO DA VERDADE...


Por Marcos A. de Souza
Mais uma pesquisa eleitoral foi divulgada. E esta também destoa da série histórica “empate” produzida pelo DataFolha.
De acordo com a mais nova pesquisa divulgada pelo IBOPE, a candidata do PT Dilma Roussef aparece com 39% dos votos contra 34% de José Serra...
Alguns dias atrás outro instituto, o Vox Populi apontava que a candidata do PT aparecia 8 pontos a frente do tucano, estando com 41% das inteções de votos contra 33% de Serra.
Não obstante,  uma outra sondagem, desta vez divulgada pelo DATAFOLHA, apontava um empate técnico, com uma leve vantagem numérica para José Serra que aparecia com 37% e Dilma detinha, segundo o instituto, 36%. 
Conclusão: Ou Dilma está caminhando para uma vitória no primeiro turno ou  a disputa está acirradíssima com uma leve vantagem para o candidato do PSDB. Ou melhor, conclusão nenhuma.
Já dizia com razão o professor José Juliano de Carvalho Filho, que a estatística é a arte de torturar os números até que eles confessem...
Se submetermos esses números a torturas mais leves do que certamente já sofreram,  eles nos dirão o que queremos escutar.
Vamos pegar primeiro o chicote da margem de erro. Na pesquisa VOX POPULI era de 1,8% para mais ou para menos...Isso significa dizer que não se estará faltando com a verdade  se alguém disser que Dilma pode ter 42,8% e José Serra 31,2%.
Pronto, Dilma estaria a 0,7 pontos percentuais para ser eleita em primeiro turno, porque com os demais candidatos somando 9%, a petista estaria com  49,4% dos votos válidos contra 37,5% de Serra, levando-se em conta que brancos, nulos e indecisos somam juntos 17%.
Agora vamos torturar os números agonizantes do DATAFOLHA da mesma forma que fizemos anteriormente, ou seja, a favor de Dilma: Com uma margem de erro de 2%, Dilma poderia estar na melhor das hipóteses com 38% contra 35% de Serra... 
E por último vamos estender essa tortura aos números do IBOPE: Dilma aparece com 39% contra 34% de Serra. Com a margem de erro a petista  poderia ter 41% contra 32% do tucano, ou ainda, a Dilma poderia ter 47,1% dos votos válidos contra 40,9% de Serra.
Voltando a pesquisa divulgada pelo DATAFOLHA, no cenário mais favorável a Serra, o tucano poderia ter 39% contra 34 de Dilma: Surpreendentemente a pesquisa do IBOPE ao contrário!!!
É a antítese do pior cenário de Dilma apresentado pelo VOX POPULI: Dilma  com 39,2% e Serra com 34,8%!!!
Viram que interessante? Estas pesquisas podem querer dizer muita coisa e no final das contas não dizer nada? Ora, lendo os cenários mais favoráveis de Dilma ela tanto poderia estar a ponto de ganhar no primeiro turno quanto estar longe de chegar lá ou muito perto... Que confusão, não?!
E olha que nem foi uma tortura... Foram só, digamos, uns tapinhas pedagógicos... Só trabalhando com a margem de erro - que também pode ser um desvio padrão da verdade - o produto final pode ser trabalhado ao gosto do freguês. É isso o que sugere tamanha contradição nos resultados destas pesquisas produzidas em tão curto intervalo de tempo.
Afinal, como interpretar os números das pesquisas eleitorais, produzidas em meio a tantas metodologias diferentes e encomendadas por clientes com os mais distintos interesses, o que por sua vez se traduzem em preferências políticas?
Estariam isentos da "tortura" os números que insistem em dizer o contrário do que gostariam de ouvir os políticos ou os que encomendam as sondagens? Até porque os institutos de pesquisas sobrevivem dos valores pagos por quem solicita estas pesquisas.
Num país onde inexiste o fator consciência política, as pessoas tendem a se identificar com o candidato que está na dianteira, assim como a dona de casa se identifica com a esponja de aço recomendada por aquela atriz que nunca lavou louça.
Assim, as pesquisas devem ser encaradas como mais um instrumento de marketing para os candidatos.
E quando se aplica o desvio padrão da verdade nestas pesquisas, o produto, no caso o candidato, passa a ser valorizado pela cultura da “preferência nacional” que suplanta o julgamento individual do eleitor, reduzindo-o a um mero agente multiplicador de uma propaganda de sucesso.
Na página web da Folha, que noticia esta última pesquisa do IBOPE, há uma ponderação implícita a que esclarece o leitor o fato de que o IBOPE ouviu 2.506 eleitores, enquanto que o DATAFOLHA ouviu 10.905, o que numericamente falando apontaria para uma maior credibilidade da pesquisa que consultou uma maior amostra.
Ledo engano... Até porque parecem ter se esquecido que para fazer um exame de sangue não é preciso retirar todo o sangue do corpo...

quinta-feira, 29 de julho de 2010

COM SERRA O BRASIL PODE PRIVATIZAR MUITO MAIS...

Por Marcos A. de Souza.
Até o leiloeiro-mor da República, o capitólogo Fernando Henrique Cardoso aponta que José Serra era o mais entusiasta na privatização da Vale do Rio Doce e o convenceu a bater o martelo.
E como qualquer pessoa bem informada - não digo um fiel telespectador do Jornal Nacional ou leitor assíduo da Revista Veja - deve saber, o que ocorreu de fato não foi uma privatização, mais sim uma doação de uma empresa estatal para uma empresa privada.
Isso porque a Vale do Rio Doce fora "vendida" pela pechincha de pouco mais de 3 bilhões de dólares, num contexto em que seu valor de mercado beirava os 100 bilhões.
Houve inclusive mobilização de milhões de pessoas em todo o país, quando partidos, ONGs e membros da sociedade civil organizaram um dos maiores plebiscitos de iniciativa popular de todos os tempos para impedir a doação.
Doação porque nem os 3 bilhões foram pagos de fato. O BNDES, um banco estatal brasileiro, financiou a compra da Vale com dinheiro público.
Ora, ao invés de entrar, mesmo a mixaria pela qual a Vale fora vendida, o Estado brasileiro emprestou esse valor aos compradores de uma das maiores mineradoras do planeta. Esta é a matemática da eficiência da gestão do tucanato, da qual Serra é um do ideólogos mais ferrenhos...
Assim, até eu e você compraríamos a Vale. 
E diante destas constatações fica bastante evidente o exposto em Marx e Engels , onde “[...] o Estado não é outra coisa senão a forma de organização que os burgueses dão a si mesmos por necessidade, para garantir reciprocamente sua propriedade e seus interesses, tanto externa quanto internamente”.
Para os defensores da privataria, para aqueles incautos que justificam as melhorias obtidas nas prestações de serviços após a privatização, há que ressaltar que não é porque uma empresa é estatal que ela não é funcional. Basta atentar para o exemplo da Petrobrás. A questão é não tratar os cargos de gestão destas empresas como cabide de emprego para os aliados políticos.
Será que Serra é um feroz defensor da privatização da Petrobrás, da Petro-Sal, do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal? Porque 70% do patrimônio nacional já foi leiloado
O MERCOSUL ele já disse que é uma farsa... Olha aí uma sugestão de jingle para a campanha do Serra:

quarta-feira, 28 de julho de 2010

"O MINISTÉRIO DA ÉTICA ADVERTE: PROPAGANDA ENGANOSA PODE CAUSAR ENFARTE DA NAÇÃO"

  
Por Marcos A. de Souza.
Pense em todo marketing em torno de José Serra, aquele que até dia desses era o pai dos Genéricos e a mãe do Programa Nacional de Combate a AIDS.
Imagine agora o Dr. Saúde e suas tragicômicas prescrições em caso de gripe H1N1.Tudo uma farsa....
O único cartão de visitas que Serra possuía foi rasgado... Está pior do que cartão do SUS. 
É isso mesmo. O próprio Serra admitiu que não criou os genéricos, tampouco o elogiado programa brasileiro de combate a AIDS:
E não é que saiu  na Folha: (clique aqui para ver o original) "Não fui eu quem inventei genérico. Os genéricos, já existia a ideia. Eu nem sabia quando eu assumi o Ministério [da Saúde]".
Quanto ao programa de combate a AIDS Serra é enfático: "Eu toquei o programa da Aids para acontecer na prática, mas não foi ideia minha"
Mais não foi o que disse em uma propaganda eleitoral do PSDB, na qual evoca ao partido e a si próprio a paternidade de feitos alheios a própria gestão tucana, como o Seguro desemprego (que já aparecia na Constituição de 1946 e foi implementado de fato em 1986. Detalhe: o PSDB só fora fundado em 1988. Estranha criatura que nasce antes do criador hein?!!)
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Mais então pelo menos uma virtude o Serra tem  não é? Pelo menos ele disse a verdade, dirão os serristas menos convictos depois de tantas farsas...
Que nada. Serra só fez estas confissões à Folha como estratégia para "desmanchar o prazer" de Dilma desmascará-lo no seu programa eleitoral. Porque a petista iria mostrar o verdadeiro DNA e quem são os pais dos filhos que até ontem mesmo eram o "focinho" e a cara de Serra.
Assim para estragar o efeito da propaganda de Dilma, Serra antecipou a verdade...
Ah, e só a título de conhecimento o verdadeiro criador dos genéricos no Brasil foi o ex-ministro de Itamar Franco, o médico Jamil Haddad (falecido em 2009), do Partido Socialista Brasileiro. Nada de Serra, nada do PSDB. Até porque o decreto da criação dos genéricos (nº 793) é de abril de 1993... 
Jamil Haddad: o verdadeiro "pai" dos Genéricos.
Então o que fez de tão extraordinário para ser premiado com o título de melhor ministro da saúde do mundo, se o sistema público de saúde continuou deteriorado e as duas jóias da coroa serrista eram uma farsa?
De memorável na saúde, José Serra implantou um convênio de compra de ambulâncias com prefeitos corruptos - e que se estendeu até o inicio do governo Lula, diga-se de passagem -  sendo este desbaratado através da Operação Sanguessuga... E até onde se sabe esse convênio causou sérios problemas na saúde moral e ética do país. Câncer este que não fora estirpado porque uma intervenção cirúrgica iria comprometer tanto o pulmão direito quanto o esquerdo, se é que me entendem.

O "BEM AMADO"... VC SE LEMBRA DESSA NOVELA?

Por Marcos A. de Souza.
Entre telenovelas alienantes e informações manipuladas, a mídia de difusão de massas do Brasil tem se especializado em revelar homens iluminados para governar o destino do "país do futuro". 
Quem não se lembra do collorido pacto engendrado entre os media mass do Brasil, especialmente a TV Globo e Fernando Collor de Melo, chegando ao ponto de romper o recorde do absurdo da manipulação midiática quando a emissora da família Marinho manipulou um decisivo debate presidencial entre o "Bem Amado", o "mais preparado" do Collor  e o "analfabeto" do Lula.
Pois é. Para quem está acostumado a seguir de forma hipnótica as telenovelas, basta prestar atenção que as histórias são sempre as mesmas :  a mocinha sofre durante 99% da história nas mãos de um vilão terrível que paga os seus pecados no último capítulo, enquanto o casal protagonista vive feliz para todo o sempre.
E parece que das telenovelas, a mídia  tem tirado a inspiração para conduzir as campanhas políticas. A mesma base daquela velha história do "Collor" mais preparado, do "queridinho da mídia", tem se repetido em prol de José Serra, o "Bem Amado" da mídia na atualidade...

Elegem-se os vilões e os mocinhos... Os diretores mais preparados dirigem e editam as cenas que irão fazer o telespectador chorar e se identificar com um dos personagens...
Enquanto os media mass alardeiam as virtudes do candidato do PSDB com mensagens explicitas, como aquela da campanha instutucional da TV Globo, Dilma, cujo passado deveria ser enaltecido pela resistencia ao totalitarismo, é surrada da forma mais baixa pelos saudosos dos tempos em que a direita neoliberal governava o país.
Como se fosse crime defender a democracia com as mesmas armas que a tirania oprimia a liberdade...
E como tem gente boa e honesta caindo nessa farsa montada pelos media mass controlados pela elite tupiniquim... 
Eles não conseguem enxergar que por detrás das lentes e dos tinteiros existe um roteiro ficticio, onde na verdade o candidato mais "preparado" é aquele que se dobrará mais facilmente aos interesses hegemônicos da classe dominante.
E se o "caçador de marajás" iniciou o processo de abertura neoliberal do Brasil, a  motoSERRA irá liquidar com o resto do patrimônio nacional que escapou do leilão promovido por FHC e sua camarilha.
Não percam os próximos capítulos... Só falta agora José Serra pilotar um caça supersônico tal qual Collor na campanha de 1990.
COLLOR EM 1990 E...

JOSÉ SERRA NA ATUALIDADE: "QUALQUER SEMELHANÇA NÃO TERÁ SIDO MERA COINCIDÊNCIA".
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SE SERRA É UNANIMIDADE NA IMPRENSA BRASILEIRA, VEJAMOS O QUE SE PUBLICA NO EXTERIOR DO "MAIS PREPARADO".


A FARSA DE SERRA
(Artigo de Martin Granovsky.Publicado originalmente no jornal argentino PÁGINA 12 com o título "Mejor Joia que Farsa" e traduzido para o portugues por Marcos A. de Souza. Para ver a publicação original, clique aqui)
Os brasileiros deveriam escrever um livro e envia-lo para cá: um manual para entender José Serra. O candidato de oposição para as eleições presidenciais de outubro disse primeiro que o Mercosul é uma “farsa”. Depois sugeriu “flexibilizar o Mercosul”.
Como se flexibiliza uma farsa? Mistério. O que fica claro aqui na Argentina é que José Serra aponta o Mercosul  como algo negativo. Para ele, seria postivo que o Brasil assinasse muitos tratados de livre comércio. Segundo Serra, o Brasil não pode faze-lo, justamente por culpa das barreiras que supostamente impõe o Mercosul. Isto significa dizer que seu horizonte de política exterior é claro: menos Mercosul e muitos TLCs.
Segundo dados do Intal, o Instituto para a Integração da América Latina (...) em meio a pior crise economica desde os anos 30, o valor do intercambio comercial do Brasil com o Mercosul foi de 28,9 bilhões de dólares em 2009, quase igual a cifra registrada em 2007 antes da crise:28,9 bilhões.
(...) Nem Brasil nem Argentina sofreram em 2009 como a Grécia. Nem tampouco estão sofrendo como os gregos em 2010, caso paradigmático da atualidade que aponta para um país obrigado a seguir o caminho da contração fiscal e econômica já sofrido pelos brasileiros com Fernando Henrique Cardoso e pelos argentinos com Carlos Menem.
Mas a Grécia está geograficamente muito longe. Mais perto de nós, o México sofreu mais a crise porque 80% de seu comércio depende dos EUA [...] Brasil e Argentina foram menos golpeados pela crise. Em parte cada um amortizou o golpe baseado em uma política neodesenvolvimentista que compensou a queda, apostando numa retomada do crescimento e não em ajustes.E em parte o feito concreto é que não necessitaram de nenhum Tratado de Livre Comércio (TLC) para seguir com a estratégia de comércio diversificado (...).
O Mercosul não é um paraíso, particularmente graças ao esvaziamento político do bloco realizado pela dupla FHC-Menem com ajuda de Domingo Cavalo, o ministro argentino que adorava as áreas de livre comércio e detestava o Mercosul tanto quanto Serra.
O fato é que hoje, o Mercosul representa um dos distintos resultados concretos da política de integração regional, como a Unasul, o Conselho de Defesa Sul-Americano e  a estratégica estabilidade sul-americana entre Brasil e Argentina. (...) Não é pouco: a região não apresenta nenhum conflito limítrofe importante e revela um alto grau de sintonia e um nível de paz que hoje são uma raridade mundial.(...)
Quando a palavra farsa aparece em meio desta construção imperfeita, mais persistente, convém acender luzes de alerta: Serra (...) escolheu o espetáculo para se diferenciar de Lula e da candidata do PT Dilma Roussef? É provável, mas no seu caso convém levar em conta que sempre receou da relação privilegiada do Brasil com a Argentina.  Se de fato ele ignora as cosntruções institucionais coletivas, talvez seu posicionamento aponte para uma dissolução dos organismos regionais de integração em prol de múltiplos TLCs particulares.
Mais a aposta a favor dos TLCs não serviria para amortizar uma crise feroz. Tampouco é uma receita útil para solucionar por meio da negociação diplomática, como já aconteceu com as tensões políticas vividas nos últimos anos nos casos da Bolívia, da Colômbia, da Venezuela e do equador, ou ainda, para abrir a possibilidade da inclusão de Cuba nos mecanismos de integração regional, como aconteceu durante o I Encontro de presidentes da América Latina e do Caribe.
Não são gestos retóricos. Quanto mais se intensifica a integração regional, mais fácil será para cada país negociar em um mundo turbulento. A América do sul provou que pode manter diferenças com os EUA, como quando rechaçou a ALCA, um tema que hoje parece arquivado para todos – vale saber se para Serra também - evitando a hostilidade infantil com Washington.Brasil e Argentina, os dois maiores sócios do Mercosul, tiveram um postura comum frente a divida: tornaram-se independent do FMI, aumentaram suas reservas (...) Os dois países ambicionam agora reformas democrátizantes no FMI e outros organismos multilaterais. (...) Com essa política, Brasil e Argentina cresceram e diminuiram a pobreza e a miséria extrema. O mesmo fez o Uruguai, primeiro com Tabare Vasquez e agora com Mujica, sendo que o Paraguai tenta o mesmo com Lugo.  
O resultado, com o Mercosul não é tão ruim se comparado com épocas anteriores de recessão, ou como na primeira etapa Cavalo-Menem, de crescimento sem justiça social nem aumento do emprego.
Que farsa Serra quer montar no Brasil? Com FHC e com Menem, ambos países terminaram chorando. E na vida, utilizando uma expressão brasileira, sempre é melhor a “jóia” (positivo).

A INTERNACIONAL NEOLIBERAL

Por Marcos A. de Souza.
Há cerca de duas décadas a América Latina esteve sob comando de uma série de governos neoliberais que leiloaram o patrimônio nacional e abriram as fronteiras dos seus países as grandes corporações dos países capitalistas centrais com um discurso de que estas ações seriam a panacéia para todos os males do subdesenvolvimento.
O resultado não poderia ser distinto: aquilo que pregavam ser o remédio, foi na verdade o veneno que arruinou com um enfermo que agoniza desde que encravaram o punhal do colonialismo e do imperialismo, abrindo as veias da América Latina.
Como consequencia da caótica situação que se abateu após a onda neoliberal, um verdadeiro tsunami que avançou sobre estas terras, vários governos de esquerda emergiram numa clara resposta de que os ventos deveriam soprar em outra direção.
Assim, Chávez subiu ao poder na Venezuela e pela primeira vez na história da Bolívia, um indígena chegava ao poder depois de séculos de exploração da elite eurodescendente.  Lula no Brasil, fazia história, ao se tornar o primeiro operário a  comandar os destinos do maior país da América latina. Mais tarde, Correa chegava a presidencia no Equador, Tabare Vasquez e posteriormente "Pepe" Mujica no Uruguai  e Lugo no Paraguai. Na América Central, Daniel Ortega reassume o poder após quase vinte anos depois da Revolução Sandinista.
E tudo isso utilizando-se da democracia burguesa, sem revoltas armadas, revoluções ou golpes de estado patrocinado por interesses hegemonicos.
Assim, os projetos neoliberais de dominação continental foram derrotados, como a  ALCA.
Mais a elite entreguista não assistiu inerte a ascensão destes governos progressistas, e muito prontamente assumiu um caráter terrorista e sabotador dos projetos nacionalistas que objetivam instaurar uma ordem política, economica e social mais justa no subcontinente. Tampouco Washington se contentou em perder o controle total sobre o seu "quintal".
Antes, reforçou as bases estratégicas da representação do seu poderio, e desde os  baluartes de sustentação do imperialismo na América, como a Colômbia, engendrou as novas diretrizes para retornar ao poder na região.
Recentemente Uribe acusou Chávez de abrigar e patrocinar guerrilheiros das FARCS em território venezuelano. Enquanto isso no Brasil, José Serra acusava o governo Lula de ser conivente com o tráfico de drogas da Bolívia, e mais recentemente, através do seu porta-voz oficial, seu vice Índio da Costa, acusou o PT de ter ligações com as FARCs e o Comando Vermelho.
E como a esquerda afundou a ALCA, Serra quer vingança, ao pregar a inutilidade do MERCOSUL.
Enfim a direita neoliberal está orquestrando seus planos em perfeita sincronia entre os indignos representantes da burguesia latinoamericana, de tal modo que dá a impressão de que todo este discurso foi antes planejado, como uma estratégia unificada para retomar os territórios perdidos para uma esquerda que chegou ao poder pelas vias criadas pelos burgueses para se perpetuarem nele.
E não é pura impressão não. Se trata da Internacional Neoliberal, da qual Uribe, Serra, FHC e Cia são destacados delegados que engendram artimanhas para retomar o poder...

sexta-feira, 23 de julho de 2010

SERRA EM SEU LABIRINTO II...

Por Marcos A. de Souza.
José Serra sabe que está caminhando para a garganta do Minotauro da derrota. 
Confiante quando aceitou entrar no labirinto da corrida presidencial, sua derrota começara ser tecida com os fios do emaranhado de  interesses existentes dentro de seu próprio partido...
Não obstante ao seu histórico desgoverno, no meio do caminho apareceu um desconhecido e atrapalhado vice, indicado por um cacique dos DEMos, e que tem se comportado como uma verdadeira sabotagem de Dilma Roussef a sua candidatura... Ou mesmo de seus aliados, membros do autofágico tucanato, que costumam depenar uns aos outros numa batalha por interesses pessoais.
É o que demonstrou uma conversa, lá pelas altas horas de uma madrugada de março, em que penas voaram no ninho dos vende patriam brasilianus (clique aqui).
Não obstante, em meio aos comentários suicidas e das pajelanças de Índio da Costa, José Serra, que tem preferido atacar do que apresentar propostas , segue caindo nas pesquisas eleitorais, estando de acordo com a Vox Populi 8 pontos percentuais atrás da candidata do PT, Dilma Roussef. 
Na última sondagem realizada por este instituto, a petista lidera as intenções de votos para presidente da República, estando com 41%  contra 33% de Serra...
É uma verdadeira tragédia grega... Comédia para alguns...
E por falar em Minotauro,  essa trajetória da candidatura de Serra faz lembrar de outro mito grego, o de Dédalo e Ícaro.
Quando Serra acreditava que a eleição estava ganha, começou a voar com asas feitas com as penas da enganação, coladas com a cera da manipulação midiática ... 
Próximo do Sol  dos seus fracassos e da ausência de projetos, as penas que lhe restavam estão caindo uma a uma...
Logo logo estará batendo somente os braços, numa trajetória decadente, direto na garganta do Minotauro da derrota ou no mar do esquecimento ...

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OBS: A 1ª foto de José Serra  está postada originalmente no seguinte blog (clique aqui)

A ÚLTIMA CARTADA DE URIBE...

Por Marcos A. de Souza.
Álvaro Uribe está com os dias contados para deixar o poder na Colômbia, e antes de faze-lo deve ter recebido de Washington sua última missão: criar um factóide para a continuidade do Plano Colômbia e assim justificar a ingerência estadunidense na região.
E não havia palco mais propício para a última encenação do que a última reunião da OEA, esta organização que tem atuado nas últimas décadas no sentido de respaldar a política exterior do imperialismo ianque sobre a América Latina.E mais uma vez Chávez não vacilou diante do circo montado pelos embaixadores dos interesses estadunidenses na região, rompendo relações diplomáticas com um governo que abriu as portas do subcontinente, e de joelhos se dobrou as estratégias de dominação imperialista.
De fato não é novidade para ninguém que há guerrilheiros das FARCs em território venezuelano, brasileiro, equatoriano... Assim como ficou muito claro que paramilitares e narcotraficantes tem ligações estreitas com o Palácio presidencial, o partido governista, a Assembléia Legislativa...
Como também existem oito bases estadunidenses encravadas estrategicamente na Amazonia colombiana e que ameaça a soberania de todos os povos da região.
Também não é novidade que na Colômbia existem valas comuns com milhares de corpos não identificados, como a de La Macarena, onde existem até 2 mil vitimas segundo uma comissão formada por deputados da União Européia...
A quem vamos recorrer? A OEA?
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BRAVATEIRO O SR. ALVARO URIBE VELEZ, NÃO?
COM UM PASSADO DESSES...
(Clique aqui para ler a biografia não autorizada de Álvaro Uribe Velez. Foi escrita não por alguém complascente com o "raivoso" e "bufão" do Chávez mais sim de um importante repórter da Newsweek, uma das revistas mais lidas dos EUA.).

terça-feira, 13 de julho de 2010

UM HOMEM DE "PÁTRIA OU MORTE"...

Por Marcos A. de Souza.
Não é preciso escrever muitas linhas para falar dos grandes homens da história. É demasiadamente desnecessário dedicar enormes explicações sobre aqueles que fizeram de sua vida uma verdadeira enciclopédia de humanismo, de patriotismo e sobretudo, combateram o bom combate em nome da emancipação do homem.
Não são deuses, é verdade. Tem frio, são inseguros, tem dúvidas em momentos decisivos em que basta uma ação para extinguir ou salvar a vida da vida na face da Terra. 
Tombam perante enfermidades, e um "disparo de neve" ou "uma luz cegadora"  pode apagá-los da história...
Tampouco são infalíveis... Erram como qualquer ser humano, mas quando erram, as consequencias caem sobre seus ombros com um peso proporcionalmente maior porque são grandes e carregam as esperanças e até mesmo os destinos de todo um povo...Mais nem por isso deixam de ser os "imprescindíveis de Bertold Brecht...Que entregaram sua vida por uma causa... São melhores que os bons, e os muito bons estão abaixo de sua capacidade incontestável de liderança, que os destaca na multidão, transcendendo a sua existência inspiradora as fronteiras dos países e o o período histórico em que vivem ... 
São cidadãos do mundo, que a frente do seu tempo se imortalizam e inspiram as futuras gerações a prosseguir sempre lutando e resistindo aos obstáculos que se erguem diante dos homens...
São estes imprescindiveis também incompreensíveis pela pequenez, pela ignorancia e pelos interesses hegemônicos dos seus contemporâneos... Os heróis de hoje, foram os vilões do passado, queimado nas fogueiras, enforcados e esquartejados, fuzilados e massacrados pelos condenados pela história...
Foto: Alex Castro
Fidel é um destes homens ... Que nem mesmo na adversidade e na enfermidade deixou de ser um soldado inconteste na mílicia que sempre liderou, não dos bastidores, mais nas fileiras frontais do bom combate...
Até porque ele sabe que o que proclamou na sua autodefesa no julgamento pelo assalto ao Quartel Moncada continua válido: "Condenai-me, não me importa. A história me absolverá..."  
As recentes aparições de Fidel demonstram que o "Comandante en Jefe" segue lutando... É um sábio seguidor de Martí quem sentenciara que mais vale um minuto de pé que uma vida de joelhos...



"Há homens que lutam um dia, e são bons...
Há outros que lutam um ano, e são melhores;
Há aqueles que lutam muitos anos, e são muito bons;
Porém há os que lutam toda a vida
Estes são os imprescindíveis"
Bertold Brecht




quarta-feira, 7 de julho de 2010

VESTES NOVAS PARA O VELHO FEITOR...

Por Marcos A. de Souza
Que a política no Brasil é imunda e fétida todo mundo já sabia. Seja qual partido ou candidato, as estratagemas engendradas no ambito das nossa democracia burguesa para se alcançar o poder são as mais selvagens possíveis.
Nem dentro dos partidos políticos há consensos... São representantes de interesses que se fundem ou que se engalfinham em disputas por frações do poder e sobretudo pelo controle da gestão sob determinadas porções territoriais... 
São os industriais, os banqueiros, os latifundiários e demais castas da nossa sociedade que verdadeiramente controlam o poder... E uma vez controlado, planejam as ações para garantir seus interesses e reprimem tudo aquilo que possa obstacularizá-los...
Ao conjunto destas ações e de todas estas selvagerias batizamos sutilmente e institucionalmente com o nome de Estado...
Ah, o Estado... Essa instituição gerada no ventre da burguesia com a missão de controlar as massas e manter  o status quo, ou em outras palavras garantir a acumulação capitalista, removendo todas as travas e obstáculos que se erguem contra a sua progenitora.
Ganhe Serra ou ganhe Dilma esta lógica se perpetuará, porque ambos são fiéis seguidores das regras do jogo... Só jogam com uniformes com cores diferentes...
O que está em disputa são os grupos que controlarão este filho da burguesia, para que ele aja segundo o seus interesses...
Mais isso parece não ser novidade para ninguém... Escravos e senhores, patrões e operários, negros e brancos,  todos parecem ser iguais dentro da nossa democracia burguesa... Dentre breve seremos convocados para sufragar democraticamente qual dos projetos burgueses controlará os destinos da nossa nação nos próximos anos... 
 Aí reside as algemas da neoescravidão... A crença de que somos livre e iguais...
Tolice a nossa quando exercitamos os músculos das nossas consciencias e constatarmos que esta pseudodemocracia é a porta do cativeiro  que estamos prontos a entrar...
Se antes os senhores capturavam os escravos na África, confinavam-os em senzalas e forçavam-os a trabalhar, os mecanismos de opressão e exploração se refinaram...
Da dominação física passamos a dominação psicológica.
Hoje não só continuamos escravos, mas começamos a fantasiar que somos livres... Sem correntes materiais que nos prendem, mas agora com as correntes da hipnose coletiva...
As senzalas estão aí, pululando nos morros, nas várzeas, desmoronando com as chuvas... Mais adiante está a Casa-grande, o castelo senhorial cercado com muros de concreto, com barreiras eletrificadas ...
E lá vem o novo feitor para vigiar, punir e controlar a massa dos trabalhadores... Podem vir fantasiados de salvadores da pátria, com seus sorrisos cintilantes,  mais em uma de suas mãos trazem bem escondidos o chicote, que não titubearão em utilizá-los caso os escravos resolvam desobedecer as ordens senhoriais...
Só os cegos não enxergam...

sexta-feira, 2 de julho de 2010