sábado, 2 de janeiro de 2010

"QUEM QUER SER UM MILIONÁRIO"?



Por Marcos A. Souza


Eram mais de 144 milhões de motivos para sonhar... E mais ainda para acordar desse sonho...
Como um formigueiro em busca de comida no verão, cerca de 70 milhões de brasileiros marcharam rumo as Casas Lotéricas de todo o país para apostar sua sorte na Megasena da Virada.
O premio recorde, de mais de 144 milhões de reais esteve durante alguns dias nas contas imáginárias dessa multidão, que embriagados pela possibilidade única de melhorarem de vida chantagearam até mesmo o altíssimo com suas promessas materialistas, fazendo inclusive planos em como gastar o astronômico premio da Megasena...
Mas terminar o 2009 como escravo para começar 2010 como senhor nessas condições não é uma tarefa tão simples... Que o digam as estatísticas...
De acordo com a probabilística, a chance de uma pessoa ganhar na Megasena apostando com um bilhete único é de uma em mais de cinqüenta milhões. (1:50.000.000)
A mesma estatística aponta que é cinqüenta vezes mais fácil uma pessoa ser atingida por um raio que realizar tal proeza. É até mesmo mais fácil virar um santo na Igreja Católica (1: 20.000.000), ou ganhar uma medalha olímpica (1:662.000) do que acertar as seis dezenas da Megasena.
Se você for viajar de avião, mas antes fez sua “fezinha” um alerta: Você tem quase oito vezes mais chance de sofrer com a queda do avião do que ter o seu bilhete premiado.
E lá foi o brasileiro, anestesiado pela esperança, presentear os cofres públicos com nada menos que R$ 435 milhões. Esse mesmo cidadão que reclama de pagar quatro meses do seu suado trabalho em impostos, desta vez não reclamou do fato de que em apenas alguns dias ter comprado um passaporte para o sonho, mas acabou desembarcando na terra da dura realidade.
Diante de tamanha alienação, termino sugerindo a Receita Federal e ao Ministério da Fazenda, retirar todos os tributos e impostos que recaem sob o cidadão brasileiro e transferirem as formas de arrecadação para a “Loteria do Leão”. Tenho certeza de que todos pagariam felizes seus impostos... Ninguém sonegaria...
Afinal, diante da possibilidade remotíssima de ganhar um bom premio, as fileiras dos cobradores de impostos se fariam quilométricas... Não haverá isentos e a arrecadação será recorde, porque haverá só uma alíquota: a da esperança, inflada pelo engodo da liberdade capitalista, sob a qual só é possível fugir da condição de explorado, submetendo-se a uma matemática do quase impossível.

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