quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

ONDE ESTÃO OS VENTOS DA MUDANÇA?



Por Marcos Antonio de Souza

Fomos surpreendidos pelos ventos que prometiam mudança, enquanto o capitão-gancho do Texas tinha seus dias contados como senhor dos 3 oceanos.
Foram oito anos sombrios em que a terrível esquadra comandada pelo Sr. Bush e sua camarilha neofascista navegou, espalhando o terror por várias latitudes desse planeta,  fazendo de tudo para pilhar os tesouros das outras nações e consolidar a hegemonia do seu império.
Por fim, naquela manhã de janeiro, parecia que os dias do nosso vilão estavam contados. Afinal, a promessa era que novos ventos soprariam, e a esquadra imperialista deixaria de aterrorizar nossas nações.
Change, gritava nosso herói !!!  Para os que não acreditavam, Yes, we can, bradava Obama !!!
Enfim chegou o grande dia... O dia em que a nau comandada por brancos desde George Washington até Bush , recebia na cabine de comando, Barack Hussein Obama, um afro-muçulmano-descendente.
Era o sinal que os ventos da mudança levariam esta nau para mares nunca dante navegados pelos ianques, onde não haveria mais hostilidades e a máquina imperialista finalmente naufragaria como símbolo de uma era que jamais retornaria.
Bastou que o nosso comandante da esperança tomasse o timão da nação americana nas mãos que os monstros das contradições começaram a atormentá-lo.
Enquanto centenas de palestinos eram massacrados pelo poderoso exército israelense, nosso herói clamou o direito de defesa dos sionistas, que durante mais de seis décadas sufocam o direito da pátria palestina. Semelhança maior com o pirata texano não é mera coincidência.
E ao invés de uma guinada para direções de maior calmaria, o novo comandante continuou a perseguir as pistas do antigo mapa do tesouro, mantendo as antigas campanhas militares no protetorado do Iraque, e aumentando os efetivos que lutam no Afeganistão, estendendo o front de batalha até o Iêmen.


Fonte da Imagem http://2.bp.blogspot.com/

A Base Naval de Guantánamo, na ilha de Cuba, apesar dos discursos, continua a ser um porão para os prisioneiros de guerra, um ano após a sua posse.
E falando na ilha que os primeiros governantes ianques acreditavam ser um apêndice natural dos EUA, parece que Obama insiste em manter -lhe  o bloqueio decretado há mais de cinqüenta anos por Lindon Jonhson, com o objetivo de literalmente levar a fome e o desespero a sua população e consequentemente provocar a queda de Fidel Castro.
Propósito que nenhum dos onze comandantes que travaram uma épica batalha com o comandante caribenho parece ter ganho, porque até agora a ilha não caiu como a maçã atingida pela lei da gravidade nas mãos dos EUA, como inevitavelmente previra John Quincy Adams em 1817.
E nosso herói da mudança insiste no erro : apesar da pirotecnia da liberação das viagens de cidadãos cubano-americanos para Cuba, Obama revogou a lei “Contra o Comércio com o Inimigo”, postergando o bloqueio.
Amante da democracia que era antes de 20 de janeiro de 2009, Obama simplesmente ignorou os 185 votos a 2 obtidos na ONU, pedindo o fim unilateral dessa política hostil contra o povo cubano.
Ainda nos trópicos latino americanos, enquanto as tradições golpistas ressucitavam em Honduras , Obama, ao contrário de bloquear, continuava a apoiar os gorilas com a continuidade do cordão umbilical que une a bananeira economia hondurenha à estadunidense.
Enquanto alguns tolos ainda acreditavam nas boas intenções do paladino das mudanças, eis que a Amazônia colombiana é rasgada para que sete bases estadunidenses sejam instaladas no coração de um dos últimos tesouros a ser explorado pela superpotência. E as aventuras do nosso herói, que enfrenta uma grave crise economica dentro de suas fronteiras, não param por aí...
Apesar de possuir na sua artilharia de guerra nada menos que 9.400 armas nucleares sob o seu comando, o Augusto Principe da Paz, devidamente laureado com o mesmo Nobel da Paz que seu antecessor,  insiste em dar lições de moral a Coréia do Norte e ao Irã, que ainda engatinham nessa arte do mal.
Se Bush não assinou o protocolo de Kyoto, Obama já é considerado um dos motivos do fracasso do COP-15 na Dinamarca. É senhor Obama, parece que nada mudou nesses 12 meses em que esteve no comando da nau ianque...
Parece que continuamos a ser vistos como o quintal dos EUA. A África continua a se consumir na fome e nos conflitos étnicos diante da inércia do seu neto mais ilustre. Na Ásia, o Oriente Médio segue sendo a neocolonia fornecedora de petróleo ...
O Irã continua sendo o Grande Satã e a Coréia do Norte, o demonio-mor do Império do Mal. As bandeiras ianques continuam a ser queimadas nos quatro cantos do mundo... E bonecos de Obama são enforcados por aí...
25% do governo revolucionário de Obama já se foram... E nenhum sinal de mudança.
Mas hoje, olhando com mais cautela, saindo do estado de embriaguez que tomou conta dos sonhadores de outrora, concluo que Obama nem prometeu mudar tanto assim.
Pelo menos é o que posso depreender das frases a seguir, retiradas de seu discurso de vitória, pronunciado em Chicago em novembro de 2008:

“Se alguém ainda duvida que a América é um lugar onde tudo é possível, ainda pergunta se o sonho dos pioneiros ainda estão vivos em nossos tempos [...]Nos somos, e sempre seremos, os Estados Unidos da América [...]E, acima de tudo, eu vou pedir que vocês participem do trabalho de refazer esta nação, do jeito que tem sido feito na América há 221 anos...

Ora, Obama está navegando pela rota traçada a 221 anos, sem nenhum sinal de mudança. Afinal, não eram os pioneiros estadunidenses que acreditavam no “Destino Manifesto”, segundo o qual Deus os haviam escolhido para apropriarem dos territórios pertencentes a terceiros países?
Não parece tão atual essa frase que reatrata o sonho dos pioneiros do Destino Manifesto,  retirada do jornal “New Orleans Creole Courier”, de 1855:

"A pura raça anglo-americana está destinada a estender-se por todo o mundo com a força de um tufão. A raça hispano-mourisca será abatida. "

Se ainda restam dúvidas, atentemo-nos para o que pensa o paladino da esperança, da democracia, dos direitos humanos, o herói da mudança e o coroado principe da paz pelo premio Nobel, ao se referir no discurso de vitória,  aos soldados imperialistas que durante o governo Bush, ao qual prometeu mudanças, invadiram o Iraque e o Afeganistão:

“Enquanto estamos aqui nesta noite, nós sabemos que há corajosos americanos acordando nos desertos do Iraque e nas montanhas do Afeganistão para arriscar suas vidas por nós.”

Diante destas constatações só nos resta pedir que Deus abençoe a América, incluindo todos nós, que de acordo com a geografia somos americanos também. E que abençoe ainda o resto do mundo, porque pode ter mudado o comandante, mas a nau imperialista segue aterrorizando nossos destinos com as mesmas artimanhas que a 221 anos.



ELE SÃO IGUAIS.


2 comentários:

  1. Só falta agoara ele dizer que é o "Senhor da Guerra". Olha, com todos os defeitos e falhas cometidas, eu sou mais o nosso Presidente Lula.

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  2. É verdade Homero. Com a prisão desse nigeriano que tentava protagonizar o 11 de setembro de Obama, ele quase disse que era o sr. da guerra. Além de noticiar um pacote de medidas "anti-terror", expandiu o front de guerra com mais intensidade para o Iemem, e listou 14 países "terroristas" (Irã, Sudão, Cuba, Nigéria, Síria, etc), os quais verão humilhados seus cidadãos que viajem aos EUA.

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